“Azul Instantâneo” Poemas desde Funchal, Por Pedro Vale

En la Revista Trasdemar celebramos nuestro cuarto aniversario con la difusión de la literatura contemporánea de las islas
Fotografía cortesía del autor

Presentamos en la Revista Trasdemar una selección poética del autor Pedro Vale a quien damos la bienvenida a nuestra revista, compartimos la muestra literaria del escritor portugués residente en Madeira desde el año 2002, en su lengua original, en nuestra sección “Macaronesia” de literatura contemporánea de las islas.

“Azul instantáneo” es su primer libro publicado en 2017, Pedro Vale ejerce como docente y ha cursado estudios de Ciencias Culturales y Gestión Cultural en la Universidad de Madeira.


Portada del libro

Azul Instantâneo

É preciso viver sem paixões.
Mergulhar no absoluto anonimato,
Permanecer morto ou vivo até ao fim.
Aclamar o tumulto escuro e bruto.
Encenar o drama clemente e lento.
Sentir um amor ideal por anjos nebulosos.
Descobrir um novo fundo de poesia e aguardar
uma voz que nos ordene docilmente:
- Não te movas, nem te inquietes,
nem traias o que
ainda não
és.

*

Porto
A poesia vai
Pela rua,
Nua.
Esconde-se
Nas manhãs mais
Frias.
E é à noite que lhe foge
A voz.
Lenta
E lenta,
Lentamente,
Até
Desembainhar
Na
F
O
Z

*

Luz(a) alma
Sossega e vive do ar
A cómoda alma, armário espacial.
Plana e cisma a esmola pintada
Na rua nua e perfumada.
Sonha a universal fundação,
À beira-rio, navio-fantasma e fruição.
Entoa, na guitarra infantil, dramática gente,
Num acorde simples, medieval.
- Ó alma lusa,
Acorda e sente,
Mesmo que à tangente,
O que é ser filha de Portugal.

*

Hoje acordei com uma andorinha no estômago.
A noite era de tempo limpo e sono.
Sabia a quebra milenar, cabelo solto.
Nenhuma angústia, lei, mato ou víscera defronte.
O prédio seguia o seu curso normal de vida, espécie de abrigo impune.
Gineceu.
Observava sem capacidade estrelada o céu, quando a miúda astronomia me
Espantou a inocência.
A circular impressão se revelara.
Tal como no meu estômago, assim uma via-andorinha, se alongava, qual
fita emprestada, distraidamente, no ar.

*

Cisma
Em mim um
Conceito,
Quase uma
Ordem estabelecida.
- o desejo.
Quanto
Menos o

Pratico,
Mais
se manifesta e me
surpreende por
excitante e novo.

Glicínias.

Pedro Vale vive no Funchal desde 2002 onde é professor de primeiro ciclo. Cursou Ciências da Cultura e frequenta o mestrado em Gestão Cultural na Universidade da Madeira. O seu primeiro livro – «Azul Instantâneo» – foi lançado em dezembro de 2017 e o autor trabalha há largos meses na sua segunda edição

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